ANTIDIÁRIOS DE ABRIL XIII
XIII
A Moduan Matus, dono da Remington.
No devagar depressa dos tempos
Guimarães Rosa
Trago aqui dentro de mim os céus da aurora e do ocaso
e mais os poetas mortos — e os seus livros empoeirados.
Venho lá da Remington de malinha e do coração ligado
no caderno e na esferográfica; dos rascunhos passados
a limpo mil vezes anotados num desenho sujo e borrado.
Da aurora bebo de sua fresta violeta quando ela aparece
ainda nas exéquias da madrugada. É devagar e depressa.
Do ocaso, igualmente lento e rápido, aprendi que o verso
vira noite, mas rebenta manhã no oriente — roxo e bege.
E dos poetas, o delírio de suas febres e os poemas velhos
— que apesar do fantasma do tempo, nunca envelhecem.