ANTIDIÁRIOS DE ABRIL XIV

Não sei e nunca soube se sabia ou se sei mesmo

se risco o poema feito uma coleção de desenhos

escritos e pendurados no varal úmido desta prata

grave no preto do alumínio reluzente da palavra.

O poeta necessita — na engenharia de um verso —

alojar um certo êxtase e emergir o que está imerso;

deslocar uma placa tectônica da espinha do cérebro

e tremer de algum jeito o que está morto por decreto.

O vírus não é o inimigo: é o ser humano incompleto.

Cinco e cinquenta e seis. O funeral da noite começa.

E não é manhã que surge. É a aurora que a atravessa.