ANTIDIÁRIOS DE ABRIL XIX
Estou imerso nesta maratona excruciante de toda a sua falta
e de me ver perambular sob a sua imagem no alto do espaço
daquela estrela dourada onde você mora. Não acho a palavra
que traduza esta batalha ansiosa entre o inexistente e o nada
— ou até um verso que voasse até aos cômodos da nossa casa.
Ouço as têmporas roxas da manhã. Os dias estão cabisbaixos
na redoma construída pelo vírus que aterrissou muito rápido
nos arredores dos ares e no quintal do homem despreparado.
A tarde espalha o cheiro do mato vindo lá do morro queimado
e que ancora a vela de chumbo quatrobê dessa nuvem pálida.
— E tudo segue parado no defumador das horas inanimadas.