Ilusionista de anilina

Ilusionista de anilina

Sandra Ravanini

Eu queria desenhar-te numa estranha chuva de grãos;

ó terra azul, replantar a aridez que te consome

e despertar com o aroma das areias brotando o pão

nos campos alimentando aquele que nada come.

O sol com os cabelos ondulantes como o trigo

feito rendas na distância da alfombra do cerrado,

rompendo a estação no cio das águas em que mitigo

a sede de igualdade sorvendo um pôr alaranjado.

Semear à solidão da argila o testemunho da raiz,

os amores ao solo verdecendo o descorado,

caminhar nas ramas embriagadas de toda anis

e no paraíso colher a vida de teu Eldorado.

Mas não sou deus e cultivo o desenho dos pequenos;

ó terra não mais azul, se morrendo estão as violetas

nos veios contaminados de mercúrio e de veneno...

definha a tinta na serra desseivando o planeta.

21/08/2007