ANTIDIÁRIOS DE ABRIL XXIII
Sim, eu continuarei vestido e armado com as armas de Jorge
para que os meus mil inimigos silenciosos da rede não bolem
planos secretos e, tendo cérebros, não decodifiquem a órbita
escondida dos meus versos e que não vigiem os passos tortos
que ressuscito; que em seus pensamentos eles nunca possam
me fazer mal, pois têm línguas formadas dentro dos destroços
de suas vidas tão notáveis; que o meu corpo não ate as cordas
muito oferecidas para que eu próprio dê cabo da minha alma
— ela ainda traz um modo que de mim mesmo eu me desloco.
Grato pela lição — a de sempre me esvaziar do que me invade.
Estou imerso na inércia das horas e sei — Ogum é quem sabe.