RELATÓRIO DE CONFISSÃO
seu amor foi o cordão encantado de estrelas
a saudade é o corpo que viveu para sorve-las
mirante em frente ao mar na névoa, ar e poeira
língua de palavras frágeis, sumida alma inteira
ausência! caderno escrito nas cartas de navio
juras castas entre lágrimas na canção de estio
onde há dor eu moro sozinha, tatuada e impura
sou a corrente no portão, ferrugem, crosta escura
me mantenho amando o infinito que não é no céu
calendário que estanca na rua sem saída do papel
rosno ao pensar na dor ao menos enquanto tento
a forma marginal de roubar dos poetas o lamento.