lealdade

que faço com essa brutal fidelidade

arranhando minha tez

cochichando maus conselhos?

onde guardo essa urgência

de esculpir palavras tolas e tolos gestos?

não passam da garganta

mal balbuciados, meus atropelos

que conheces tão bem.

vôo cega e sem direção

na contramão de mim

arrombando todos os selos

que faço desses sonhos manifestos,

pedintes que se ambientam

na cama, na mesa, no chuveiro

amoldando meus risos

esfregando as mãos

com um aceno delicado de censura

quando me dou aos fartos rubores?

não teria os mesmos suores

nem a mesma naturalidade

se me encarasse nos olhos

como me fazes nesse sonho misto

de magia e realidade.

me calo e observo sem palavras,

deixo meus ais pingarem

lentos e lacônicos

não sei mais onde estou

nesse devaneio...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 09/11/2005
Código do texto: T69278
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