lealdade
que faço com essa brutal fidelidade
arranhando minha tez
cochichando maus conselhos?
onde guardo essa urgência
de esculpir palavras tolas e tolos gestos?
não passam da garganta
mal balbuciados, meus atropelos
que conheces tão bem.
vôo cega e sem direção
na contramão de mim
arrombando todos os selos
que faço desses sonhos manifestos,
pedintes que se ambientam
na cama, na mesa, no chuveiro
amoldando meus risos
esfregando as mãos
com um aceno delicado de censura
quando me dou aos fartos rubores?
não teria os mesmos suores
nem a mesma naturalidade
se me encarasse nos olhos
como me fazes nesse sonho misto
de magia e realidade.
me calo e observo sem palavras,
deixo meus ais pingarem
lentos e lacônicos
não sei mais onde estou
nesse devaneio...