ANTIDIÁRIOS DE ABRIL XXV
Na rua do vírus a calmaria marca duas e cinquenta e quatro.
Falta muito pouco para as três — e a noite vestirá a sua capa
no fim da cota do anjo da guarda, pois será a vez do crispado
e do ferro incandescente das hordas que o separam da alma
e da falácia da carcaça. Era um sonho que agora é o fantasma
da sombra larga no meio do meio-dia que tira a maquiagem
tão frágil da máscara, onde o desastre do pior é o que passa
na dor pungente bem além da morte do abóbora da fornalha.
Permaneço atrás do rumor da manhã e vejo na encruzilhada
a galinha torta e sem cabeça e o sangue nas taças derramadas
— e às seis este vento espalha o patchouli das horas apagadas.