A poesia é uma selva e eu sou um filhote abandonado

O contato entre o homem e sua poesia devia se dar de forma menos selvagem.

Todas as vezes em que me arrisco a tecer alguns versos

Saio sempre meio esfolada,

Pisada,

Arranhada.

E consumida.

No meio dessa selvageria me agarro fracamente nas molas de uma transcendência que já cansou de se espichar.

E me entrevo no âmago de um mar ora absurdo de agitado

Ora sonolento de tão calmo.

Entre a absurdez e o sono sempre me descubro num barco furado.

Nina Cerqueira
Enviado por Nina Cerqueira em 26/04/2020
Reeditado em 26/04/2020
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