Poema do meu avô - Despedida


Tia Eulina, Papai Arlindo, Vovô Joaquim José Ferreira e Tia Aurora

                                    Joaquim José Ferreira (Bigode)

Adeus, lindo Divinópolis
Há 37 anos sou teu
Foi aqui que me casei
E minha família nasceu.




Pontilhão de ferro sobre o rio Itapecerica, Divinópolis

1ª glosa

Em 1899
Que eu pisei neste terrão,
Usava um grande bigodão,
Me deram o nome de Bigode,
Casei numa família pobre,
Tenho dado meus pinotes,
Os meus braços eram fortes
E foi aqui que se afrouxaram
Agora que me encostaram,
Adeus, lindo Divinópolis!





Matriz do Divino Espírito Santo, Divinópolis

2ª glosa
Quando eu cheguei aqui,
Tu eras pequena das pernas,
As primeiras casas modernas,
Fui quem que as construiu.
Elas ainda estão aqui
Pode ver se ainda não viu
O gosto todo foi meu.



Av. Primeiro de Junho, no início séc. XIX, Divinópolis

3ª glosa
Eu já trabalhei bastante
Tanto aqui como por fora.
Eu já fui disposto a toda hora,
Me chamavam o lançante.
Fazia tudo num instante,
Serviço algum injeitei.
Nas obras que eu trabalhei,
Estão ai pode se ver
Nunca me hei de esquecer
Foi aqui que me casei.



Vista atual de Divinópolis

4ª glosa
Com a minha velha guitarra,
Que eu tocava naquele tempo.
Andava a todo momento,
Atendendo quem me chamava.
Os fadinhos que eu cantava
Que a muitos divertia
Hoje quase se esqueceu,
Embora a casa ainda exista
Na rua da Bela Vista
Que minha família nasceu.
Hoje, poucos me conhecem
Porque estou velho e pobre,
Mas deixo gravado na História:
Joaquim José Ferreira (O Bigode)
.


***
Joaquim José Ferreira (Bigode), português nascido no Porto, Portugal, 
foi músico e com sua família formava uma orquestra que tocava em Divinópolis
no final do século XIX e início do século XX.
      Foi pai do músico Arlindo Ferreira (Bigode) e é avô do poeta Edson Gonçalves Ferreira e bisavô da jornalista Ana Tereza Arruda Ferreira.
      O manuscrito do poema data de 1900 e é, até hoje, conservado por este poeta, juntamente com um lenço de seda que, há mais de duzentos anos, está na família, trazido de Portugal por seu avô materno Manoel Gomes Gonçalves, de Manhouce.

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 13/10/2007
Reeditado em 18/03/2011
Código do texto: T692981
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