O SER ENCERRADO EM SUA ARMADURA

Era uma vez um ser encerrado em sua própria armadura.

Vivendo como objeto entre máquinas aprendizes.

Ele era um computador

Que gozava e se mirava e não se via

Preso ao automático imediato do viver.

Furaram os seus olhos pra não sentir as coisas

Compraram sua vida.

O seu ideal de Eu.

O separaram de seu corpo,

e da sua condição de palavra.

Escamotearam suas emoções mais profundas

Programando-o pelo medo auto regulável

obsessivo do controle da vida

das suas emoções indigestas

pela sua vontade enfraquecida.

A realidade e o medo amam o fardo da vida,

Escravo das imagens e dos pensamentos

Acreditava que o mundo era um sonho

Onde o seu eu seria o seu próprio sistema

Monopolizando a criança que queria sobreviver

Destruindo as revoluções interiores.

Esvaziado e obcecado

via às coisas pelo interesse

das crenças que internalizava.

Amava uma aparição

e partilhava sentimentos

em gaiolas isoladas.

Era um homem convencional

de valores individualistas,

não via a si mesmo,

por isso não olhava aos outros.

Carregava situações inacabadas,

como um cigarro que deixava de fumar.

Não percebia a si mesmo,

e nem ao menos se conhecia

mas gozava alienante

apressado com o tempo que vazava,

e nem falava com o espelho,

enquanto acredita que Deus era um relojoeiro.

De Fernando Henrique Santos Sanches - O Poeta das Almas - Fernando Febá

Fernando Febá
Enviado por Fernando Febá em 27/04/2020
Reeditado em 21/11/2022
Código do texto: T6930127
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