ANTIDIÁRIOS DE ABRIL XXX
Vejo o canavial suspenso da manhã cor de quase ametista
e tudo deseja parecer um poema promulgado pelas horas
que desatam os instantes do eixo dos ponteiros e aniquila
os contornos deste agora quando ferve o tempo e o devora
na continuidade descontida do vírus e toda a sua ideologia.
O minuto ressignifica-se no cotidiano de uma nova paralisia
que se instalou somente para os que podem, porém a avenida
continua cheia de gente que precisa de ganhar o da marmita.
O antidiário sai da cena todavia o verso segue a sua travessia
de estar e não ser nada. De chegar e partir. Desta taquicardia.
Repara: o fim começa no mesmo ponto do que não termina.