A Redoma
Parecia vazia solitária e fria
Por que ninguém ouvia som sair dali
Parecia vazia e sem melodia
Por que ninguém sentia nada sólido
E se assim parecia
Não quer dizer que assim estivesse
Deveria estar vazia
Por não haver quem dela soubesse?
O que o sábio não via e o leigo também não
Por ser assim tão vazio não chamava atenção
Alguém olhou mais de perto e o que viu então
Gritou haver descoberto uma nobre razão
O que a redoma protegia
Era o motivo dela estar ali
Um pequeno grão de areia
Que eu mesmo não vi
Era eu pequeno grão
Era meu corpo a redoma
E não havia nenhum vão
Que ajeitasse uma soma
Era eu pequeno grão
Um pequeno grão em coma
Triste, cativo e quieto
Na cristalina redoma
E ainda que ela se quebre
Serei eu pequeno grão
Porém um grão sozinho
Não faz deserto ou chão
E mesmo se ninguém puder enxergar
O pequeno grão vai sempre estar lá