Minha Pasárgada
Ando em dívida com a poesia.
Audácia talvez me falte, ou é a vida...
Para o débito, ofereço esta rima;
ao menos com Apolo isso é divisa.
Se em tudo fosse assim, que bom seria!
Que um pão de sal custasse um terceto,
Que um jantar se pagasse com um soneto
E um carro, em prestações de elegias!
Quem muita epopeia acumulasse
Em romances seria tributado.
E àqueles que coubesse o repasse
Seguiriam poemas compilados.
As leis, o dicionário é quem faz;
garantem-nas poetas e suas musas.
Eis minha Pasárgada. Não sei se audaz,
talvez ingênua... Jamais injusta!