O OUTRO RIO
atravesse a mim que sou mais triste que um rio
e não tenho leito onde nascer mil vezes depois
parecemo-nos? Não conheces minha tristeza...
você é réstia de um dia que foi tudo e não veio
enquanto eu escondia o corpo nos olhos da lagarta.
estou sem coragem marinheiro! Virei de medo!
folhas de prata na noite são fantasmas a sorrir garras...
já estive onde me moldavam o barro e me adulavam
hoje habito a mortalha na natureza e engasgo no pó!
ao mínimo graveto jogo as esperanças navegáveis,
espero flutuar alguém atrás do meu último resgate
pedras de sensualidade nas curvas sinuosas da água
vão me vencendo na correnteza de onde não moro,
já não há beleza no vale e a vida depende de você.