SONO SEM PARADEIRO
Acordou morto bem cedo.
Dormiu sempre e até tarde
o sono sem paradeiro,
cadência ou amor próprio.
Usou de um bocejar fúnebre
com hálito de flores vencidas
como seus cínicos troféus.
Acordou morto dos olhos.
Tinha na vista a sutura
e ainda assim as imagens feriam
sua retina através das fissuras
do seu planeta ocular.
Ele não lia a luz, capturava,
e o que ele prendia o fotografo
nunca capturaria em sua lente.
Acordou morto da débil voz.
Cuspiu um estalo-chiado
de fanhas cordas vocais
amarradas ao velho cais.
Perdeu esse som pro mar
entregando sua nau aos sais.
Mudos urros estéreis.
Jamais as ondas ouvirão.
Acordou morto da vida.
Não conseguiu aceitar que vivia
e por assim ser quis morrer.
Fingiu ser finado em vida
pra ver se viveria pra crer
que realmente tinha morrido,
mas sempre dormia vivo
pra morrer no outro dia.
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