Estranhamento

Os olhos se encheram de lágrimas, tinham um peso que cegava a idiotice daquelas certezas e a embriaguez bizarra daqueles instantes.

Sons se partiam devagar, desconstruindo e devastando sem que fosse possível colocar palavras, havia um nó na garganta.

Reconstruindo em versos a tua face e aquela velha e difusa lâmpada amarela com brilho de lamparina acesa.

Letras e palavras brigam num ritmo sinfônico, num silêncio frio de uma noite qualquer.

Estrelas que outrora cobriam o céu e causavam fascínio foram opacadas pela fumaça.

A leveza insuportável dos dias tranquilos se perdia nos goles de vinho e o sorriso se desvanecia atrás das cortinas daqueles mundos e de uma máscara pálida e sem sabor.

Os lábios tremiam frios, havia uma mescla de saliva com beijos de céu ou de inferno.

A sensibilidade quiçá não pode ser aprendida e nem resgatada se ela não houver sido captada ou real.