Amenidades

Agora nos prendemos aos olhares.

Rio com os olhos desde que aprendi a sorrir.

Tenho apreço pelo toque.

Mas, ser tocada já não posso.

Tocar também não.

Meus lábios sorriem.

Mascarados.

Beijar já não podem.

Se movimentam pela fala.

Contida.

Distante.

Sempre presente.

A palavra se tornou veículo.

Afago.

Afeto.

Encontro.

A companhia se estabelece.

No livro de cabeceira.

Na taça de vinho que descansa sobre a mesa.

Na chamada de vídeo de um alguém querido.

Na música que toca e preenche os vazios da casa.

Na poesia que declamo com a voz rouca e cansada.

São palavras.

Escritas.

Molhadas.

Faladas.

Cantadas.

Declamadas.

Versáteis e sempre úteis.

Palavrear é recurso.

Vasto.

Preciso.

Necessário.

Inesgotável.

É afago na alma.

É tudo e tanto no agora.

Onde os corpos não podem ir,

vão as palavras.

Cumprem um papel.

Abraçam.

Tocam.

Beijam.

Amam.

E hoje, mais do que antes:

Salvam!

Mariany Mendes
Enviado por Mariany Mendes em 20/05/2020
Reeditado em 21/05/2020
Código do texto: T6953088
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