Conflito Das Almas

Perdoe-me, Mestre!

Não pude fugir da guerra.

Percebendo corpos caídos, vozes, gemidos; articulei em silêncio.

Vi muitos vultos lá fora.

Cruzei as escuras esquinas, e

aturdida, flertei com o mal.

O sangue esguichava dos olhos dos mortos quando saltei os muros,

minhas mãos se fecharam pela dor e vi a face do horizonte avermelhar-se, e não era o pôr do sol.

Perdoe-me, Mestre!

Não ofereci a outra face. E atirei! Mil vezes, cem mil vezes...

Minha dor fundiu-se com a alma dos mortos e me transformou.

Agora eu era outra criatura...

As armadilhas me armaram!

Já não tenho sal nos olhos,

minha dor não dói!

Não tenho amigos;

não me recordo das canções que fiz ou das flores nos jardins... Perdi meu mundo.

Temo que o frio em meu olhar refletido no lago congelado me mate a qualquer momento,

mas, nada a fazer quando os afrontados pela morte perdem a piedade e o medo, por que aprendem matar e não enterrar.

Minha ira se fez comandante de minha curta ou longa vida,

e minha finada dor contra ataca ferozmente, e sem piedade.

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 25/05/2020
Reeditado em 04/06/2020
Código do texto: T6958232
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