Ninho verde

Seus cabelos dourados, avermelhados,

Entre o verde esvoaçado pelo vento,

São cantigas de uma infância

Revivida em meus pensamentos.

Acalanto das casas de argila,

Espigas miúdas, nem Visconde

Nem Emília; mas um riso largo

Que traduz as brincadeiras,

Tal cortina em que a fome se esconde.

Sem espaço e sem tempo,

Essas raízes, do humilde milharal,

Abrigo texano da meninada

Fantasiada de cowboy nos cavalos-de-pau.

Os tijolos em volta, muros amarelos,

Naquela época intransponíveis,

Ainda cercam, com o verde, as bonecas,

Outras bonecas de cabelos dourados,

E as pradarias dos índios invisíveis.

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*Poema da década de 1980.

Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 16/10/2007
Código do texto: T696093
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