Rito

Me retirei de cena

Para não despejar em você

Os vazios de mim

Pensei em me desculpar

Não poderia fazê-lo

Pois, minhas sombras são partes daquilo que sou

Não posso negá-las

Me retirei de cena

Para te admirar de longe

E viver o que sinto no anonimato

Sentimento não prescreve

Mas, não resiste a indiferença

Me retraio

Por amor

Não a você

A mim

Porque te amar me fere

Fere minha existência

E o único antídoto para um trágico-amor

É portanto, o autoamor

Me retiro

Otimizo minha energia

E de quebra, te poupo a fadiga

De ter que se esforçar

Pra lançar sua curtida

Me ausento

Desisto de bater a porta

Que trancada está

Ou que sempre esteve

E eu desatenta

Não me atinei

Tempo de vida é precioso

Bobiça seria consumi-lo

Com a cara em tua porta

Trancada. Vale lembrar!

Me despeço

Solitariamente

Faço meu rito de despedida

Com o coração enlutado

Certa do aparato

E dos mecanismos necessários

Que demandarei, para então seguir.

Repito,

como disse outrora:

Fé e luz

Para que nossos coraçõezinhos

Tão calejados,

Por ora cansados

Aguentem o rojão

Te libero,

me liberto.

Voa!

Eu voarei!

Mariany Mendes
Enviado por Mariany Mendes em 29/05/2020
Reeditado em 29/05/2020
Código do texto: T6961755
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