Realidades irreais

Sou como as fumaças que se consomem aos ventos embriagadas pelo fogo que lhes dá vida!

Encosto-me ao lado destas minhas amigas insanas pelos alambrados das ruas chorando também minhas chamas desfeitas...

Vejo prenúncios de fins do que nunca existiu além dos olhos de quem via!

Vi só...

O despudor do sol traz um vento morno que, sem pedir licença, seca até minhas lágrimas que tão boas eram de chorar!

O rosto enxuto ensaia o personagem do dia

Mas lá dentro nada mudou,

As dores brincam com os filhos das chagas,

Delírios risonhos correm por corredores escuros,

A rotina se repete,

Tudo está no mesmo lugar...

Só o espaço da dor diminui ocupado pela claridade do dia que chega invadindo a noite que reluta em despedir-se...

A luz dissipa até a companhia dos amigos fantasmas da escuridão,

Resta só a claridade apontando caminhos para estes joelhos trôpegos que só queriam descansar da angústia

Os delírios do dia substituem os da noite insistindo que são realidade...

De fato são...

Apenas do dia...

A da noite é só dela e a minha, só minha!