COMPASSO
COMPASSO
Se o azul custar a chegar,
se o pão faltar sobre as mesas,
se o país vier a sofrer mais,
o que pensará o que tudo vê?
Se o amanhecer for questão de negócio,
se as mercadorias tomarem vida própria,
o que pensará o que tudo vê?
Estará conosco em nossas batalhas?
Ardendo está o coração da terra
e o pai das luzes a chorar distante...
Estará conosco o apreço e o reverdecer,
se o amanhecer custar a chegar
e a prece infinda não for mais
uma obrigação?
Estaremos lá em compasso de espera
na ânsia de libertar-se.
As cores darão seus brilhos,
mas tão mísero é o presente.
Se o azul custar a chegar,
o que será de mim, Senhor?
Espera o dia ao preço do nada.
Espera o cântico ao preço de uma nota
e o compasso se transporta no tempo.
FERNANDO MEDEIROS
Campinas, é primavera de 2007.