O Sentido da Não-Vida (de um Lápis)
A ponta do lápis, já pequeno
Pelas tantas vezes apontado,
Mesmo que, de uso, seja inexperiente,
Quebrou-se outra vez.
A pontinha no caderno
É tudo o que sobrou
Do lápis agora inutilizável.
De nada adianta ser apontado,
Se por mãos grandes não seja
Mais tão palpável como antes.
Penso no lápis
E em como sua existência
Foi finalmente consumada
Exatamente da maneira como diz
O sentido de sua não-vida.
Darei-lhei um funeral digno
Acertando-o na lixeira
De um ponto distante,
Acompanhando-me na glória
De ter acertado o cesto.