Felicitações de um dia qualquer
Acaso me coubesse, hoje escreveria-te mil versos, te enviaria inúmeros corações e te encheria de afeto, com toda doçura de meu amor.
O amor não é para todos, dizem os mais célebres poetas.
O amor por vezes dói, sempre ou de vez em quando, assim como você: você me dói de vez em quando.
Hoje, acaso me coubesse, te faria um jantar à moda antiga: composto a luz de velas, com aquele tal vestido azul, embalado pela poesia das canções de Djavan, e como não poderia faltar, te recitaria um poema acalanto e te faria amor; presenteando-te, com o mapa dos meus mais obscuros e secretos pontos erógenos.
Lamuriar-se, talvez não seria ao certo, certo.
Nada pode-se fazer, quando dois corações e corpos cruzam-se em horas erradas.
Resta apenas, "contentar-se" por entre memórias, saudades e tristezas, segurando firme o coração ao avistar o indesejado.
Também é preciso conter o ímpeto de não ter o desejado, do querer viver tal romance por enlaces de corpos em dias ensolarados e também nublados, afinal, o amor é mesmo assim, composto por primaveras e outonos.
Sobre querer-te ou querermos-nos, o tempo talvez já nos tenha dito: nunca nos teremos, a não ser, desse modo abstrato.
Meu amor por teu ser é colossal.
Talvez, por isso, eu te perdoe sempre ou de vez em quando. E, a minha tal "perspiquez" cumulada a minha resiliência, não abala o que de meu íntimo é tão colossal, mesmo ao mirar por vezes o indesejado, ceifando o coração, inflamando dor.
De fato, o amor não é para todos.
Nós, por exemplo, somos como o encaixe perfeito de um quebra-cabeça, intitulado "verbo ser".
Somos o nós, mas jamais seremos nossos.
O amor não nos escolheu para partilharmo-nos o outro, tampouco findar a montagem do quebra-cabeça e emoldura-lo.
Continuarei a falar sobre o amor, tanto por dias em que o mundo definiu uma data para comemora-lo, quanto em dias quaisquer.
Querido, infelizmente, o amor jamais virá ao nosso encontro.
[...] Você me dói de vez em quando, mas...
Feliz esse dia qualquer.
Marinara Sena
12/06/2020