ANTIDIÁRIOS DE JUNHO XV
O pó de chuva da manhã foi embora e a tarde morna
toma o lugar das coisas: do rodapé, da sala, da porta
e da escada que mostra o morro de dentro de um corte
da formação que rodopia lá no espaço musgo da encosta.
Vejo o céu de prata e que exala o sândalo de uma prova
que voa da árvore — neste zumbido mascavo que acorda
os aromas das notas. O vento amplia a rua. Tudo se move
no asfalto da casa entreaberta e no tremor quente do foco
da janela da calçada vazia do corpo pouco e de alma morta.
Um verso passa no chão inverso das nuvens e naquela rota
que muda de norte, de cor e de onde os agoras não gostam
das horas que os controlam — e o resto este futuro devora.