CAOS
Daqui, quietinho em meu canto,
Eu vejo a dor e o pranto
E mesmo no desencanto
Vislumbro o ponto isolado
Do certo que tá errado
E do errado que tá certo
Que visto ou encoberto
Envolve a todos por certo
E quando restar o alento
Do astuto que tá desatento
Tudo estará recoberto
E não se consegue num gesto
Separar o bom e o indigesto
Como a gota que cai no deserto
Sua importância é mínima, de certo
A situação é tal
No predomínio dos homens maus
E, quiçá, haja esperança
No olhar da pobre criança
Do velho que não morreu
Que, ainda, ora pelos seus
No jovem que se fortaleceu
Da coragem e da labuta
Do adulto que também luta
Para fazer a justiça
E nos livrar da cobiça
Do crime e devassidão
Que joga todos ao chão
Dos que parecem gostar
E preferem, então, se calar
Diante de todo o mal
Esta é a iminência do caos
Que está a se instalar.