ADÁGIO PARA DESPERTAR O TEMPO

Não vou mais compor

Um qualquer sorriso

Seja em lá menor ou

Em qualquer tonalidade

O tempo é a única escala

E todo encontro cabe

Num só instante de delírio

É preciso saber sobraçar

O máximo possível de flores

Cantar duas ou três serenatas

E seguir sempre sorrindo

Já não há mais esquinas

Todas as ruas das cidades

Velam outras vozes

E os homens se perguntam

Onde foi parar aquela força

Vontades ingênuas

De mudar o mundo

Aquelas velhas mentiras

De verdade nunca fomos

Nem a sombra dessa fantasia

Só a poesia desfaz brutalidades.