ESPELHO MEU

Sinto a palavra que aparece

tal feito se desabasse do cérebro

— não obstante, há uma passarela

entre a centelha e o objeto,

ao voar de um ampere ao léxico,

no fluxo da imagem que se mexe

e toda se mistura ao fougères

da nota do dia que acontece.

E ela mede a rota secreta

do silêncio frenético das teclas

embutidas na luz desta janela

que mostra mundos quando é aberta.

Na manhã, a sós, diz o meu reflexo:

— Você não passará de um poeta.