VESTÍGIOS

Havia muitos vestígios

Por onde quer

Que se andasse

Por onde quer

Que se olhasse

nas esquinas

nas calçadas

pelas antigas varandas

sorrisos de meia boca

cochichos a meia voz

passeios rumo qualquer

sumiços inopinados

chegadas bem mais ainda

no casarão sem estilo

desmazelo arrumadinho

criando com muita arte

na sala peças de roupas

livros e livres

poemas criando asas

taças de tintos e brancos

tudo um tanto pós-Neruda

no corredor pouca luz

relógio marcando nada

no oposto

um nu surreal

no quarto em Art-Noveau

outros dois indefinidos

mais poemas ... mais poemas

roupas, lençóis, travesseiros

em perfeito desalinho

por fim

bem mais que vestígios

evidências ... evidências

um soneto cartas fotos...

na gaveta das calcinhas

moises silveira de menezes
Enviado por moises silveira de menezes em 11/11/2005
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