ENSAIO SOBRE DISPENSAR O PASSAPORTE

Na rua não se vê um pé de pessoa.

Já são quase cinco da manhã...

O sol vem num caminhar de velho.

Nada importa tanto, se amanhecerá o dia ou se firmará infinita está noite.

Nada importa.

Meu maquinário de escrita jogado aos cantos,

papéis e mais papéis de folhas enfeitam o meu açucarado lar.

Nada parece abalar-me mais.

Os fins jaz tão esperados, como numa novela besta.

As luzes são apagadas,

a escuridão do quarto toma minha vista.

Vem luz de buracos de telha.

São trovões a cantarolar lá fora... Presságios não dançam aqui.

A fádiga dessa fábula parece me cercar, e o sol que vem num caminhar de velho.

Questiono os por quês que vestem a tristeza.

Tenho em mim dores que não são minhas

(Digo eu para a moral que me questiona)

Vasculho nas gavetas meus panos de prato para estancar os olhos.

Sim, eu tramo me sabotar.

Eu monto minha refeição... É o preço pelo aprendizado.

Tu és linda tristeza, e uma piada boa.

Feia é a madrugada sem um pé de pessoa.

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FcoA 09.11.2018

Alisson Oliveira
Enviado por Alisson Oliveira em 07/07/2020
Código do texto: T6999171
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