(Re)existência
Eu não sou hipster e nem mano
Estou mais pra proletário suburbano
Que anda de busão e ouve pop
E uns flow de hiphop
E se a rima for boa e a batida forte , até arrisco um beatbox
Dizem que eu não sou preto e nem índio e nem branco
E que pardo não é cor, apesar de existirem tantos
Que como eu não encontram um canto
Pra cultivar os ancestrais de linhagem banto
Mas, vamos deixar isso pra lá porque colorismo é invenção de racista branco
Pra dividir e tumultuar e nos matar de banzo
E por falar em homem branco
E agora eu tenho que ser franco
Os homens brancos, hoje em dia, usam todos coque com barba
E uma saia pra arrematar
Coque de samurai é como chamam
Duvido que saibam manusear uma katana sem se cortar
E eles confundem foder com amar
Fodem com o que amam
E amam foder sem amar
Engraçado como uma palavra pode ser tão plástica
Elástica
Palavrão e palavrinha
Duas silabazinhas
E todo um palavrear
Como Criolo já dizia “muita blá se fala e a língua é uma piranha”
Piranha não, prostituída pelos homens
Homens brancos que não sabem o que é amar
Frágeis que são, já chegam enfiando a mão
Entram sem pedir licença e saem sem saber o que é gozar
Enfim, deixa o homem branco pra lá
Eles que se entendam na sua falta de amor pra dar
Porque eu vou é atrás do meu bonde
E nem sei onde vou parar
E tem tanta gente nesse bonde, gente daqui, dali e dacolá
É gente que (trans)cende, ativa e acende meu palavrar
É gente colorida, gente querida, aguerrida, gente que fala em pajubá
Sai bilú que a biba vai passar batendo o picumã e não vai ter ocó pra me xoxar