(Re)existência

Eu não sou hipster e nem mano

Estou mais pra proletário suburbano

Que anda de busão e ouve pop

E uns flow de hiphop

E se a rima for boa e a batida forte , até arrisco um beatbox

Dizem que eu não sou preto e nem índio e nem branco

E que pardo não é cor, apesar de existirem tantos

Que como eu não encontram um canto

Pra cultivar os ancestrais de linhagem banto

Mas, vamos deixar isso pra lá porque colorismo é invenção de racista branco

Pra dividir e tumultuar e nos matar de banzo

E por falar em homem branco

E agora eu tenho que ser franco

Os homens brancos, hoje em dia, usam todos coque com barba

E uma saia pra arrematar

Coque de samurai é como chamam

Duvido que saibam manusear uma katana sem se cortar

E eles confundem foder com amar

Fodem com o que amam

E amam foder sem amar

Engraçado como uma palavra pode ser tão plástica

Elástica

Palavrão e palavrinha

Duas silabazinhas

E todo um palavrear

Como Criolo já dizia “muita blá se fala e a língua é uma piranha”

Piranha não, prostituída pelos homens

Homens brancos que não sabem o que é amar

Frágeis que são, já chegam enfiando a mão

Entram sem pedir licença e saem sem saber o que é gozar

Enfim, deixa o homem branco pra lá

Eles que se entendam na sua falta de amor pra dar

Porque eu vou é atrás do meu bonde

E nem sei onde vou parar

E tem tanta gente nesse bonde, gente daqui, dali e dacolá

É gente que (trans)cende, ativa e acende meu palavrar

É gente colorida, gente querida, aguerrida, gente que fala em pajubá

Sai bilú que a biba vai passar batendo o picumã e não vai ter ocó pra me xoxar

Luiz Eduardo Ferreira
Enviado por Luiz Eduardo Ferreira em 09/07/2020
Reeditado em 09/07/2020
Código do texto: T7000390
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