Filho do tempo

Sou um homem do meu tempo,

Vivo por fora,

Morto por dentro,

Sem alma,

Sem calma,

Sem paciência,

Apressado,

Atrasado para a morte.

Perdido em plena luz do meio dia,

Procurando uma saída

Em meio a tantos caminhos;

Atormentado,

Só, na multidão.

De um lado para o outro,

Vai e volta,

Sobe e desce,

Roda e roda,

Girando,

Até perder a consciência,

É tudo que queremos.

Somos mortais,

Queremos esquecer o que somos;

Somos animais,

Ignoramos o que somos;

E segue nossa angústia,

Crescendo como uma criança;

Dor e desespero,

Nos enche,

Em nós transborda.

Sou um homem do meu tempo,

Cheio de desejos,

De sonhos,

De vontade não alcançada;

Esperamos por um milagre,

Queremos que nossa vida faça algum sentido,

Mas sabemos a verdade,

Mesmo assim insistimos em ir à igreja aos domingos,

Nos confessamos,

E oramos,

Pois queremos acreditar.

Esse é o meu tempo,

Passando por mim,

Sobre mim,

Depressa,

Veloz,

Incontrolável.

Eu sou filho do tempo.

Racso Santos
Enviado por Racso Santos em 11/07/2020
Código do texto: T7003180
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