Um simples laranja...

Dia desses recebi uma simples foto no aplicativo de mensagem, era a imagem de uma laranja inteira, iluminada pela luz natural incrível que evidenciava cada detalhe dela. Isso me remeteu a uma frase, até comum, que ouvimos quando somos jovens: “encontre sua metade da laranja”. Que coisa não?! Parece, sempre, equivocadamente, que o outro está na vida para nos completar em algo, que fantasia é essa do ser humano.

Observando a foto, a laranja, um fruto, de cor alaranjada forte, com folhinhas no seu talo, inteira, onde aparentemente nada faltava. Bastou um olhar atento para perceber as imperfeições, as ondulações da casca, os furinhos quase que imperceptíveis, embora estejam todos ali bem na nossa cara, custamos a enxergar.

A ilusão de que existe a “metade da laranja” nos faz buscar incessantemente esse outro “perfeito” para completar a nossa imperfeição, de que tanto custamos aceitar. Muito embora, lá no fundo, no cantinho da nossa alma, saibamos que o outro, não está para nos completar, ainda bem, que tragédia seria isso, a possibilidade de um encaixe perfeito.

Um simples laranjinha pode ser doce ou azedinha, pode ser tirada da mesma árvore frondosa, só que existe uma questão a ser observada, a sua singularidade em meio a tantas outras laranjas. Na sua essência, as laranjas assim como os sujeitos, são únicas, não tem uma que seja igual a outra, que magnífico isso, não é mesmo?!

Talvez, o sujeito, na busca pela a sua metade, pelo amor, aprenda de uma maneira ou de outra, com uma simples fotografia de uma laranja, que duas metades diferentes não podem, jamais, fazer um, onde as diferenças precisam ser sentidas, sustentadas cada uma de forma peculiar sem pretensão de preencher buracos e/ou vazios vistos no outro.

Na melhor da hipóteses, o amor seja isso, aprender a sustentar a diferença frente a um outro que exime tamanha originalidade, que assim como uma laranja marcou meu dia, a sua marca seja a diferença que te funda cara a cara com o seu par, não para fazer um, mas para serem dois singulares que juntos se tornam plurais.

Jéssica Gualberto
Enviado por Jéssica Gualberto em 12/07/2020
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