Anjo ou formosa
XXXVI
Quem te fez assim tão pura
numa tarde de desventura,
vagueando no meu pensamento
arrebatando o sentimento,
uma auréola toda de luz
que me fascina e seduz.
Dos teus lábios nascem beijos
estremecendo em breves latejos,
surge a espontania fada
daquele amor vindo do nada,
vem gotejar sangue na palma da mão
esperando o martirio a que não digo não.
Fugiste de Deus, que te reclama
te aprisionou anos em branda chama,
não mais voltas ao céu, oh formosa
não quero mais ter a alma saudosa
te protejo com o meu mortal escudo
faço o impossível e o absurdo,
subornos são riquesas banais
os teus olhos me dizem mais.
Aqui na terra todos te adoram
o sol brilha e as pedras choram,
para mim cantas, o céu te inspira
uma canção meiga e sentida
dás melodia em lingua natal
e sei agora que és para mim fundamental,
por ti sou e serei sempre fadado
a fé me diz que por ti sou amado.
miguel lopes