CHÃO ENFEZOU

Guerreiro às vezes se cansa,

do seu legado, da sua pança,

do seu querer, do seu desdenhar.

Então vem um gosto estranho,

meio mambo, meio atravessado,

que sonolenta a alma,

que enfeia o sangue.

Daí o guerreiro se recosta

e reenvia pra si seus passos,

seus rumores, seus desatinos.

Pensa que a vida enferrujou,

que os anjos empedraram,

que o chão enfezou.

Daí o guerreiro rasga sua dor,

esmigalha sua desilusão,

alivia seu coração.

Então o vento rude se acalma,

o torpor atroz se veste,

a casca dura se desfaz.

Então o guerreiro se acalma,

desarma seus espinhos,

desaflige seu cantar

e volta a viver em luz.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 14/07/2020
Reeditado em 14/07/2020
Código do texto: T7005321
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.