Carta sem selo
Carta sem selo
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Foi deixada em cima da mesa junto com suas dores.
Datada anos após de sua morte
Tua alma vagava entre as flores que um dia recebeu.
Mas, era tarde, assim como o dia. E tarde quando as ofereceram.
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Era tarde para ela sorrir
A caneta não tinha mais tinta
O papel amarelou
O corpo estava no canto
O coração mais uma vez sangrou.
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A carta de despedida era ela
O poema que não ouviram, se calou.
O corte sem sorte, foi dado.
E desta vez o verso, não era de amor.
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A estaca feriu-te o peito
Teus pés no chão cravou
O peso do mundo silênciou a tua voz
A poesia no jardim se curvou
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Em silêncio escreveu na terra
Velando a amarga sepultura
O que dantes eram poesias na tela
Hoje, fria na lápide a pintura
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A carta foi lida por muitos.
Mas, poucos a entenderam
Que o poeta em si, carrega o mundo
E sofre em dobro por ser
Uma carta sem selo