As (in) certezas

As minhas certezas endureceram meu caminho.

Me aprisionaram.

Doeu aceitar e entender que certezas não existem.

Doeu e ainda dói deixá-las virem abaixo.

A vida é um pulsar dinâmico e caótico.

Não cabe em caixinhas e em definições.

As coisas são como são.

Se fazem.

Precedem toda e qualquer certeza.

Por vezes é preciso mergulhar profundo e desvencilhar de toda e qualquer necessidade de controle.

É preciso fazer o percurso sem rota pré-determinada.

É necessário se permitir sentir, viver sem a ânsia de dar nome.

Certezas não existem.

A vida é isso de impermanente.

É isso de vasto e indefinido.

É isso de frágil e mutável.

Ora é, ora não é.

Ora segue a tendência, ora não.

Ora é uma coisa, ora é outra.

Que a gente não cometa o equívoco de se achar sábio para se antever a vivência.

Que não recaia na pressa de nominar e assim perder o sutil e delicado do sentir.

Que a gente se permita as incongruências, as incertezas, o caminhar sem saber ao certo para onde ir.

De todo modo, há sempre algo da ordem do inominável, do intuitivo, do sensível que nos guia e nos leva em silêncio quando a gente se deixa ir.

Só vai. Só sente. Se despe dessa roupagem de certezas. Se despe dessas narrativas esvaziadas. Vai e cria! Vai e sente! Vai e no caminho tu vai vendo o que dá certo e se ajusta no que couber.

Te poupa da pressa!

Te recobre de calma!

Te desfaz do script!

Eu digo a você, mas antes, eu digo a mim.

Mariany Mendes
Enviado por Mariany Mendes em 24/07/2020
Reeditado em 24/07/2020
Código do texto: T7015861
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