amai

a viagem é generosa em sua profundidade,

parto sempre incopleto, falta um braço

ou um pernas, a dor é a abstração mais

verdadeira de todo o esforço de se prender,

de toda investida pra ser o que não é no

presente sempre eterno. rio calmo, mas

sua lâmina perfurante afugenta os imersos

do seu caldo de incerteza, a luta é imprópria,

não acredite que o davi venceu o golias sem

usar algum truque terrível, a vida é mais

forte, é mais profunda do que nossas pequenas

embarcaçoes conseguem suportar, deixar-se á

beira do riso, poir o medo já uma certeza,

e amar todas as coisas que nos olham e nos

reclama por algum estribilho na alma, ser

o que no que a vida se dá, e saber, que

o que pede já tem, o que reclama se oferece

de graça com seu rosto desconhecido, amai

as flores e os dias desolados, amai o rosto

que escondeu, a verdade que engoliu, o gosto

pelas coisas mais sinceras, amai a glória,

mas também sua queda, poir tudo é gangorra

do viver, amai sua coragem de sempre querer

ir além do que lhe disseram que podia, amai

o movimento, mas também o repouso, o descanso

pra vida se refazer, saber dos dias e das noites,

dos corpos vivos e do tempo, das escadarias prateadas

e também dos turvo momentos de desassossego, tudo

é parte de uma música que não sabemos todos seus

acordes, nem a linha inteira de sua melodia, amai

o presente, mesmo que seja bifurcado, mesmo que seja

trancado, mesmo que seja escuro e imprudente, amai

o seu calar, amais seu barulho, seu pico mais luminoso

e seu vale mais assombroso, amai o medo e a coragem,

pois tudo isso da vida faz parte, no mais proseie,

faça amor, compre um sorvete, aprenda andar de patins,

sei lá, pois o fora é outra história, que cada um pode

contar como quiser,

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 28/07/2020
Código do texto: T7018832
Classificação de conteúdo: seguro