Lava em Lava

como, bebo e me embriago

me estrago, me perco, me iludo

no tudo, sou nada

me entupo

sou gula, luxúria, embargo

e nada me inteira

pedaço, naco, parte

mas se no sopro me atento

e no silencio me encanto

ouço meu canto

e além dos pedidos sem fim

ou das pobres mágoas de mim

no fino som da pausa

sobre as culpas que guerreiam,

ouço minha voz

e ali onde sou

inteira me diluo

fluida me disparo

correnteza à cachoeira

que vaza dos poros

e lava

em lava

Jane de Paula Carvalho Santos
Enviado por Jane de Paula Carvalho Santos em 28/07/2020
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