CURIOSIDADE

Em duas horas escrevo apenas uma palavra:

Saudade... saudade... saudade...

As visões que me perseguem nas noites

compridas – são sombras que se misturam

a realidade e me produzem calafrios...

As confissões de amor que morrem

na garganta – são como os espinhos

(as rosas que colhemos para serem pisadas).

À noite, fecho as portas – e sento-me

à mesa da sala de jantar: me iludo e sonho.

O pensamento longe – vaga na ociosidade.

Procuro-te em vão por todos os cantos

da casa e não te encontro. Há tantos cantos...

Nosso sonho nunca é o mesmo que vemos

quando abrimos a janela e nos defrontamos

Com um céu cinzento

Com um mar agitado

Com embarcações perdidas...

Em nosso subconsciente nublado de medo.

Ponho a saudade para repousar e vê-la

distante é o que mais quero – persuadi-la.

Que este não é o seu lugar – não comigo.

Tento arrastá-la pra bem além daqui...

Desviar seu curso, seu percurso, seu caminho

errado – como errado é meu viver – aceito.

Atiro-me, retiro-me, fico e parto...

Reparto-me em mil pedaços – reinvento

outra história menos ridícula que me revele

o quanto de cruel existe em se morrer de saudade.

Sem ao menos, poder conhecer a verdadeira razão

que nos levou a enlouquecer de tanta curiosidade...

Oliveira Vilma
Enviado por Oliveira Vilma em 06/08/2020
Código do texto: T7027974
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