Carvão
Deixa eu te desenhar
grudar seus traços na parede do meu quarto
deixa eu marcar as estampas do meu caminho
transformar a disritimia no vazio
dos papéis que você me largou no chão
pare, me deixe pegar seus cantos
suas letras e pedaços
trazer sua voz e lamentos no papel
gosto dos seus olhos em grafite
quero te completar em duas linhas
uma que abre e uma que fecha
deixa eu rasgar suas curvas na ponta do lápis
quero te traduzir no atrito do giz
e quem sabe eu trago tua imagem
de caneta na palma da mão
que substitua essa sua presença em branco
que o esboço incompleto do seu rosto virado
se esbarre num rabisco de carvão