Quase amor

Já que amor é invenção,

Um quase amor há de ser o quê?

Os estranhismos ficaram velados por certo tempo, e quando despontaram o amor que tinha muito de quase, não resistiu.

Quase amor não é amor,

Porquê não banca o real

O outro como ele é.

Se sustenta na fantasia

E fantasia se desfaz.

Olhando de longe, o quase-amor parece perfeito, ideal e certamente irreal.

Quase amor é memória afetiva

Que não se atualiza no tempo e espaço

E que é carregada de história pessoal.

Tem pouco do outro

E muito do que a gente gostaria que tivesse sido.

Quase amor é danado de bom lembrar,

Mas quando não vinga,

Tende a manchar os amores reais e possíveis.

Quase amor é isso de nadar e morrer na praia.

Quase amor é também amor unilateral.

Quase amor não tem força proporcional.

E por isso não sofre maturação.

Na verdade quase amor é desproporção.

Quase amor é um amor abortado.

Espontânea ou naturalmente.

Quase amor é quase.

E o que é quase, não é.

Não foi.

Se esgota antes de ter sido.