OS BORDADOS

Como a bordadeira

Vou bordando dia-a-dia

Com os fios do tempo

Com a matéria-prima dos meus sonhos

No tecido ora forte ora frágil

Da minha existência

A vida que tenho

Bordo esboços de fantasias

E pretendidas realizações

Alguns esboços se fazem impossíveis

Então choro por não conseguir

Bordar as idealizações

Outros bordo e admiro

Como aqueles com flores e corações

São bordados bonitos para os olhos!

Outros ainda

São imprestáveis para guardar

No baú dos bordados excelentes

São desconexos e tortos

Então choro novamente

E minhas lágrimas, que pena!

Não servem para desfazer

Os bordados mal feitos

Mas me lavam a alma

A acalmam

Para que tenha o discernimento

De guardá-los

No baú dos bordados com defeito

Que convém deixar sempre fechado.

Francisca Cerqueira
Enviado por Francisca Cerqueira em 21/10/2007
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