OS BORDADOS
Como a bordadeira
Vou bordando dia-a-dia
Com os fios do tempo
Com a matéria-prima dos meus sonhos
No tecido ora forte ora frágil
Da minha existência
A vida que tenho
Bordo esboços de fantasias
E pretendidas realizações
Alguns esboços se fazem impossíveis
Então choro por não conseguir
Bordar as idealizações
Outros bordo e admiro
Como aqueles com flores e corações
São bordados bonitos para os olhos!
Outros ainda
São imprestáveis para guardar
No baú dos bordados excelentes
São desconexos e tortos
Então choro novamente
E minhas lágrimas, que pena!
Não servem para desfazer
Os bordados mal feitos
Mas me lavam a alma
A acalmam
Para que tenha o discernimento
De guardá-los
No baú dos bordados com defeito
Que convém deixar sempre fechado.