Brancos crisântemos

Mesmo de tão longe

Eu posso sentir

Os brancos crisântemos a velar seu tédio

Quando o seu corpo se tranca nas frias paredes do banheiro

Aquele honesto violão a chamar pelo seu nome

Pedindo para ser entoado

Assim pede também o meu coração para ser tocado...

A luz redonda e macia como lua cheia

Fulgurando e gemendo dentro de ti

Como uma noiva a morrer na porta da igreja

Uma virgem a sonhar com teu rosto

Uma escultura que as minhas mãos querem tocar

Pedir ao violinista da maré para que venha a minha porta

E arranhe o arco nas cordas como se fosse minhas veias

Cheias de sangue rubi apaixonado...

Agora olho para o seu retrato:

- Como ninguém se atreveu a te pintar?

Oh minhas mãos finas e pequenas

Querendo se sobrepor as suas num dia de inverno

Pois viver e amar-te mas não te ter

É um fogo do inferno

Que vou antecipando o meu sofrimento

Antes da minha oficial condenação