RUA MORTA.
Vou palmilhando essa rua,
de máscara e olhares,
respiro o ar frio da manhã,
vou olhando esses prédios,
vejo pombos recolhidos,
uns tristes como a cidade,
procurei a poesia estendida
na calçada,
nada, os bares vazios,
tudo fechado como minha
imaginação.
Nova era, tempo de espiação,
um passo quebra o silêncio,
e minha alma fria,
tento extrair da rua meu
alimento,
os prédios não tem sentidos,
lá no céu uma janela abre,
uma mão sacode um pano,
logo se fecha,
tudo volta a ser tumulo,
retiro-me da poética da rua,
tento pisar outros mundos,
busco esplendor nas pedras,
só eu e este silêncio,
e a rua morta na alma.
Sai da inércia do tempo,
dei o ultimo olhar no céu,
prossegui , passo a passo,
deixei um pouco de mim
nesta rua triste,
desculpe, mas o prato de hoje
é esse, sem sal, sem pernas,
sem sorrisos,
mas acima de tudo com
verdade.