"A - DOR - MECER"

No escuro do meu quarto, no silêncio que habita na noite. Sozinha, descubro um mundo que traço nas pálidas paredes da minha mente. Segurando o meu frágil, mas não, ainda, debilitado coração.

Eu tento fugir da rotina dos dias vazios, da angústia repentina da ansiedade, dos olhos escuros inquiridores e dessa atroz ilusão.

Sobre a minha cama, deito os meus sonhos, aqueço o resto de fios de esperanças, tento adormecer os meus tormentos. Para aliviar o cansado espírito.

Na álgida madrugada os meus dedos gritam, enquanto a minha alma se agita, o resto do mundo dorme e descansa.

Debruço sobre os meus restos mortais, velando o meu próprio corpo; de tudo o que me fora morte.

E quando o dia amanhece, estou desperta e não disposta a mais um dia... encenando Viver.

Quando olho no espelho, vejo uma criatura desfigurada, talvez, uma caricatura do meu antigo "Eu". Nos olhos um brilho apagado, no rosto uma tensa aflição, ilegíveis notas de uma partitura.

Perco-me na imensidão do que anseio, lanço-me no vazio do nada... E tudo já não me compraz.

Sinto-me atônita com toda essa espiral, uma teia de falsas ilusões, palavras já não me dizem nada!

É só mais um dia... de um ano qualquer, uma nova cartilha de regras antigas para decorar.

Tranco-me de volta no meu cárcere interior, só me resta esperar, por outra noite tão escura e silenciosa chegar. A ela então poder segredar: todas as minhas angústias, todas as minhas lágrimas ocultas.

Talvez eu consiga "a - dor- mecer".

Cristina Milanni
Enviado por Cristina Milanni em 26/08/2020
Código do texto: T7047082
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