SANGRAR

Tenho a mesma esperança

Dos pássaros migrantes,

Que rumam resolutos para terras distantes

Em busca de luz e calor.

E a mesma necessidade de refrigério

Dos que labutam sob o sol,

E mergulham em suas dores

Na sangria triste do arrebol.

A intrigante ilusão dos enamorados

Em busca do tão sonhado amor!

Retratado em rosas, versos e poemas,

De inquietante e delirante ardor.

Não me curvo e nem me dobro.

Tenho a esperança como guia.

Mas me permito sangrar

E expurgar todo o mal

Que vida trouxe-me um dia.

E assim chegar a um novo dia.