O velho e o novo
Não tenho uma faca na mão
Apenas as palavras escritas
Os contos, os versos e
Algumas mentiras.
A violência acompanha-me
Sombra de todo meu traço
Rabisco forte o papel.
Não tenho uma faca na mão
A poesia é o meu desastre
Ouço gritos cá dentro...
Mas trabalho em silêncio...
A quem construa bela arquitetura
De métrica trabalhada em
Rito angustioso e antigo
Os versos que tenho são novos
E também são velhos
Sigo inventando dizeres e reverencio
os que viveram antes de mim.
Traga-me uma faca feita de palavras
Para que eu corte a linha
Que se faz entre o novo e a tradição.