Decência
Dentro da sacola os tomates
Se esbarraram
Sensiveis e rubros
Antes a pele era de pêssego
E a boca amora madura
Agora os tomates
Sensualíssimos
Redondos e curvos
A alma ganhou uma fase nova
A horta, as bancas do supermercado
Todo o arrepio esbarrando na palavra
Viver de repente
É uma aventura carnal
Esqueço meu pudor cristão
Abraço uma condenação
Extinta em desejo
A morte impassível
Me espera em algum canto
Com uma certeza de raiz.